Vem cá. Me empresta este teu lápis, lapiseira, caneta ou o que você tiver no estojo?!
Me ajuda a traçar como você faz lindamente nas folhas em branco?
Minha intimidade é com as palavras e pra você entender que te quero, e preciso de você, vou ter que desenhar.
Acontece que, eu não tenho esse dom, e tenho medo do tempo estragar os traços já feitos por nós.
Se quiser, senta aqui do meu lado.
Pega na minha mão, e faz esses traços comigo novamente?
Pinta esses desenhos comigo?
É que eu posso pintar tudo de uma cor só, e pensei, como você sempre colore meus dias, pudesse não somente desenhá-los, mas pintá-los também.
Você sabe... Não tenho firmeza nenhuma, e o lápis tende a cair e quebrar todo o grafite dele.
Quebrar tudo o que restou.
Falando em segurar minha mão...
...Se puder, e quiser, pode segurá-la também para atravessar as ruas.
Sua mão na minha, passa confiança pra enfrentar qualquer semáforo aberto.
Qualquer impendimento que ousar tentar me parar, ou me atropelar nas ruas da vida.
Esse amor cinza, parado, esperando o tempo certo pra ser colorido, ou atravessar os obstáculos da rua/vida já encheu o saco.
E eu já estou a ponto de esquecer essa história de desenhos, traços e cores, e mudar de arte.
Já tô a ponto de procurar outras histórias, e fazer barquinhos de papel com nossas artes, pra colocar no rio que corta o quintal de casa.
Ei.
Se não puder segurar minha mão, avisa?!
Que eu volto a só escrever, e deixo a fixa cair de que realmente não sirvo pra desenhos. Muito menos coloridos.
Arrumo uma tinta, concluo os esboços de qualquer jeito, e espero por mãos firmes dispostas a segurar as minhas, se por acaso eu voltar a querer desenhar pra alguém entender.