Morre-se um pouco quando alguém escolhe morrer pra nós.
É um paradoxo, eu sei. mas verdade seja dita, a dor é como ter perdido um membro, um importante membro, porque o corpo te lembra, a todo momento, a falta que faz.
Respirar deixa de ser voluntário e você sente, a cada inspiração,
a f a l t a,
que, devagar, insiste em se fazer lembrada.
Morre-se um pouco quando alguém vai embora. quando escolhe ser apenas memória.
Nem todas são boas, isso é fato. Mas fato também é, que ate dos tro-peços sente saudade.
E dói.
Como quando na infância ralava os joelhos e parecia que o mundo havia acabado naquele mertiolate ardido.
E arde.
E quando pensa que sarou, eis que soltam as casquinhas e sangra tudo
novamente.
Morre-se um pouco quando alguém escolhe ser saudade.
Lembrança.
Memória.
A falta nos lembra a todo tempo o tempo em que se fazia
presente.
E presente era.
Morre-se l e n t a m e n t e, enquanto suspira lembrando o ser ausente. e é latente que o que sente não pode ser dito. Engolido. a seco.
Rasga
o peito e o esôfago e se questionado sobre membros faltantes, mente.
Ninguém vê. mas se morre um pouco sempre que lembra, e no passado volta, em fotografias rasgadas, remontadas sobre uma colcha velha.