“Essa ferida, meu bem, as vezes não sara nunca
Às vezes sara amanhã”
Não, não sara! Elizabeth sabe bem que as feridas novas se somam às que já existiam e tornam-se cumulativas.
Como fossem pontos de uma Mega-Sena que ao invés de prêmio, só faz doer.
Essa ferida não sara nunca, sinto decepcioná-los. Vocês todos que têm sempre um conselho na manga, como fossem receita de bolo.
Faz isso, assim, assado. Cru é que não pode ficar.
E Elizabeth nem gosta de cozinhar. Prefere as marmitas requentadas que dão menos trabalho, e na verdade ela não quer ter trabalho, gasto, desgasto. Já basta o que foi desgastado, devastado.
Mas essa ferida não sara nunca! Não tem mertiolate que dê conta.
Não tem dorflex capaz de aliviar.
Não tem!
Essa ferida, não sara nunca!
E nunca é tanto tempo…. É tempo demais pra um amor que insiste em pulsar, como fossem batimentos cardíacos daqueles que não têm pulso, mas bate. Bate e apanha.
Apanha e machuca, e essa ferida não sara nunca!
Elizabeth sabe que se transforma, mas não sara. Ela sabe que fecha, mas não sara.
Ela sabe que vez ou outra faz sangrar. Deficiência de coagulação, coitada. Deficiência de cicatrização.
Essa ferida, meus caros, não sara nunca!
Não tem conselho, nem mertiolate, capaz de estancar o sangue que escorre coração a fora.
Ela agradece o curativo, mas, essa ferida…essa, não sara nunca.
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