Alice voltou de viagem tão cansada que parecia carregar o peso do mundo nas costas. Não era só as malas que pesavam...
Nos ombros, as marcas da tira de uma das bolsas pesadas que carregara - mas bem poderia ser marcas do mundo que conhecera. Era também elas.
Não se volta de uma viagem sem um mundo novo dentro de si, e ela, bem... tinha outros mundos dentro agora - porém, estes também lhe pesara.
Alice tinha mania de carregar bagagem desnecessária. (sonhava em viajar apenas com uma mochila nas costas.)
Mas, metódica que só... blusas de frio, roupas de calor, pra chuva, pra neve, pra montanha, pra praia; tinha tudo ali caso precisasse - bolsinha com remédios, barrinha de cereal, chocolate, balas...
Na verdade, as malas preparadas com todo tipo de roupa dava a sensação, de que ela estava paramentada, pronta pra tudo.
Fato é que as marcas continuaram lá, dias a fio. Não tinha relaxante muscular que as tirasse.
Alice tinha outro hábito, não largava a bagagem por nada nesse mundo. Não tinha terapeuta freudiano capaz deste feito.
Sonhava se desfazer delas, mas já estava longe demais na estrada pra voltar e deixar algumas bolsas no caminho.
Carece de ter coragem!
Coragem pra voltar, deixar o peso dos fardos e poder desfrutar de um sofá confortável numa sala, pós viagem, e descansar a coluna - ou - o coração.
Detalhes à parte, Alice entra em seu apartamento, liga seu Smartphone e entre as fotografias revive as memórias da última viagem. Sente o cheiro, sorri pra uma das fotos.
Saudade tem gosto, tem cheiro e tem nome. Mas só cabem nas memórias dela.
Talvez ela revele uma das fotos e coloque num porta retratos na sala, ou, guarde na caixinha que fica encima do armário.
Fato é que com ou sem fotografias, modernizadas ou clássicas reveladas em papel de foto, ela estava fadada à boa memória para sempre. Jamais esqueceria tudo o que viu.
Hoje ela prepara outras bolsas. Mais uma viagem se aproxima, e e ela não quer ser pega de surpresa.
As bagagens seguem preparadas, e Alice também.