terça-feira, 30 de outubro de 2018

Todas as cartas de amor são ridículas


Elizabeth, após meses trancada em seu apartamento escuro e por vezes bagunçado. Perdeu as contas de quantas garrafas de tinto cabernet souvignon tomou sozinha. A taças se espalharam pelo tapete da sala, em meio às bitucas de cigarros, porque também já cansara de limpar o cinzeiro.
Certo dia, resolveu abrir as curtinas, e pouco a pouco a luz do sol clareou a sala, cozinha, os quartos.
Retinas acostumadas com a claridade, decide limpar gavetas, chacoalhar tapetes, lavar as taças.
Daquelas faxinas que fazemos de calcinha e sutiã ouvindo músicas dos anos 70, dançando de vaçoura na mão.
Parece que além da luz do sol,  entrou também, alí naquele lugar, motivos para levantar do sofá e sacodir a poeira.
Elizabeth parece respirar ares que já havia esquecido.
As manhãs são mais vivas, os pássaros passam a ser notados, e os "bom dia" dos vizinhos de certo modo trazia sorrisos praquele coração solitário.
Elizabeth, após se recompor dos machucados da vida, decide por finalmente viver.
A vida chegou numa tarde de sábado, de mochila nas costas, óculos escuros e sorriso tímido.
A vida, assim como Elizabeth, gosta de dengos, carinhos, cerveja e vinho seco.
A vida  é passarinho solto que voa em busca de coisas que ela também estava procurando.
Elizabeth e vida se encontram.
Vida a liberta do apartamento apertado e lhe apresenta: vida, planos, risos, abraços, carinhos, e aqueles olhares que não dizem nada mas dizem tanto.
Elizabeth não gosta de falar de amor, mas é das que sente. Mergulha fundo, mesmo que o fundo seja raso e se assm for que seja.
Mas eis que O encontro a proporcionou companhia pra chamar de vida, pra dividir a vida, atenção, e aquele amor que ficou guardado pro momento certo. Mas a gente nunca sabe quando é momento certo.
Na dúvida, Elizabeth ama estar amando novamente.
Que seja leve! Doce! Que seja! Só seja! Enquanto tiver de ser.