segunda-feira, 30 de outubro de 2023

 Morre-se um pouco quando alguém escolhe morrer pra nós. 

É um paradoxo, eu sei. mas verdade seja dita, a dor é como ter perdido um membro, um importante membro, porque o corpo te lembra, a todo momento, a falta que faz. 

Respirar deixa de ser voluntário e você sente, a cada inspiração,

 a f a l t a,

que, devagar, insiste em se fazer lembrada.

Morre-se um pouco quando alguém vai embora. quando escolhe ser apenas memória. 

Nem todas são boas, isso é fato. Mas fato  também é, que ate dos tro-peços sente saudade.

E dói. 

Como quando na infância ralava os joelhos e parecia que o mundo havia acabado naquele mertiolate ardido. 

E arde.

E quando pensa que sarou, eis que soltam as casquinhas e sangra tudo novamente.

Morre-se um pouco quando alguém escolhe ser saudade. 

Lembrança. Memória.

A falta nos lembra a todo tempo o tempo em que se fazia presente.

E presente era.

Morre-se l e n t a m e n t e, enquanto suspira lembrando o ser ausente. e é latente que o que sente não pode ser dito. Engolido. a seco. 

Rasga o peito e o esôfago e se questionado sobre membros faltantes, mente.

Ninguém vê. mas se morre um pouco sempre que lembra, e no passado volta, em fotografias rasgadas, remontadas sobre uma colcha velha.

A lágrima pinga, mancha, e escancara o luto de quem escolheu morrer pra gente.