domingo, 17 de janeiro de 2016

ópio


Aprisionada, fui ficando ansiosa, suando frio, não cabia dentro da casa, muito menos de mim.
Minha carcaça parecia uma armadura que encolhe aos poucos, esmaga a alma e sufoca o coração.
O coração por sua vez disparava.
Taquicardia, desespero, as veias saltavam a meus olhos.
Conseguia ver tudo a olho nu.
Por falar em nu, eu me despia do silêncio e botava pra fora todos os sintomas da abstinência de você.
Têm feito falta o efeito do ópio em meu organismo. É que um analgésico às vezes cai bem e esse corpo já tá cansado de se debater e perder o controle dele próprio.
Ele quer as rédeas novamente pra poder guiar seu destino, sem precisar de entorpecente nenhum pra isso.
Preciso de uma reabilitação com urgência antes que a engrenagem canse e resolva parar.
Preciso de óleo nas ferrugens de gente.
Preciso de reparação na armadura.
Preciso de mapa pra guiar o destino.
Um remédio qualquer que cure os sintomas do excesso de faltas, que supra as necessidades da alma.
Uma chave que possa abrir a armadura e a prisão de ser.
Uma dose de liberdade por favor?






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