terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Elizabeth aprendeu a gostar do que os poetas chamam de solitude, dizem que é o estar em paz com a solidão. Esta que antes lhe doía o peito e trazia desespero... medo do escuro, da rua, do eco da casa vazia.
Como disse sabiamente Caio Fernando, “a gente acostuma!”.
Aparelho de som, herança de sua tia avó, ligado. Vassoura e rodo em mãos, é hora da faxina.
Aproveita a chuva que cai lá fora pra levar a poeira embora. 
Carece de ter as coisas em ordem pra trazer a sensação de controle de sua própria vida - características do Capricórnio no mapa astral. Controle traz estabilidade e chão firme, e ela precisa saber onde pisa (já se despedaçou muitas vezes por pisar falso em solo desconhecido). 
Controles da tv empareados milimetricamente calculado, sobre a mesinha de centro. 
Incenso queimando no parapeito da janela, as samambaias da decoração contrastando o verde forte com a madeira do chão de taco do apartamento. 
Tudo está em calma ali dentro, embora o som esteja alto. 
Casa em ordem, já pode receber visitas embora não tenha ninguém em mente pra convidar pra comer uma massa, tomar o vinho chileno que comprara com o último pagamento, e falar sobre astros, buraco negro do universo, ou o que passava na cabeça de Drummond quando escreveu “tinha uma pedra no meio do caminho”.
O que ninguém pode negar é que solitude combina com casa limpa e com a disposição de tudo dentro do apartamento.
Adaptar-se, tem sido confortável desde que fez as pazes com a solidão.
A gente acostuma. 

sábado, 1 de fevereiro de 2020

O tempo é agora

Elizabeth têm aprendido muito sobre tudo, deu-se um hiato para internalizar aprendizados e principalmente praticá-los.
O que ela não imaginava era que enquanto os dias passaram algumas de suas características permaneceram impressas. Somos um amontado de experiências e suas marcas e cicatrizes, essas permanecem ainda que as feridas se fecham.
O hiato passou e Elizabeth se percebe respirando, ufa! Foi só um susto! ou, mais um. E sabe também que muitos outros virão. Ela gosta dessas sacodidas da vida, ela precisa se sentir viva  vez ou outra e não somente no automático acordando cedo, trabalhando, pagando contas, se alimentando bem... Bem isso tudo é importante, mas precisa de mais. Carece de uma aventura ou outra pra estimular a produção de adrenalina. Saltar de paraquedas talvez. Ser vulnerável é uma aventura e tanto, mas após tanto tempo, Elizabeth opta por fortalecer os músculos – todos, o coração principalmente.
A prática hoje é correr, não é correr contra o tempo, mas a favor dele, fazer as pazes com ele. Tentar alcança-lo já que ele é tão rápido. e passa. e voa, como dizem.
Percebe-se que fortalecer os músculos não tem sido suficiente, há que se parar e silenciar se ouvir se aprender e entender o que esse senhor lhe ensinou durante o hiato que já é pretérito, mais que perfeito.
hora,
dia,
mês, ano e Elizabeth é a mesma na sua profundidade. Anseia por encontrar quem se encante por sua vulnerabilidade e poesia, e aceite, assim, viver  feliz para sempre.