terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Elizabeth aprendeu a gostar do que os poetas chamam de solitude, dizem que é o estar em paz com a solidão. Esta que antes lhe doía o peito e trazia desespero... medo do escuro, da rua, do eco da casa vazia.
Como disse sabiamente Caio Fernando, “a gente acostuma!”.
Aparelho de som, herança de sua tia avó, ligado. Vassoura e rodo em mãos, é hora da faxina.
Aproveita a chuva que cai lá fora pra levar a poeira embora. 
Carece de ter as coisas em ordem pra trazer a sensação de controle de sua própria vida - características do Capricórnio no mapa astral. Controle traz estabilidade e chão firme, e ela precisa saber onde pisa (já se despedaçou muitas vezes por pisar falso em solo desconhecido). 
Controles da tv empareados milimetricamente calculado, sobre a mesinha de centro. 
Incenso queimando no parapeito da janela, as samambaias da decoração contrastando o verde forte com a madeira do chão de taco do apartamento. 
Tudo está em calma ali dentro, embora o som esteja alto. 
Casa em ordem, já pode receber visitas embora não tenha ninguém em mente pra convidar pra comer uma massa, tomar o vinho chileno que comprara com o último pagamento, e falar sobre astros, buraco negro do universo, ou o que passava na cabeça de Drummond quando escreveu “tinha uma pedra no meio do caminho”.
O que ninguém pode negar é que solitude combina com casa limpa e com a disposição de tudo dentro do apartamento.
Adaptar-se, tem sido confortável desde que fez as pazes com a solidão.
A gente acostuma. 

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