“Exercendo meu direito de permanecer em silêncio. Só falo em
juízo com a presença dos meus advogados”
Eu, que sempre prezei pela argumentação até que me
entendessem, eu que sempre prezei pelas cordas vocais em ação, sempre
prezei pelos sons da minha voz ao silêncio, escolho, silenciar-me.
Pela primeira vez eu escolho por entrar dentro do meu
casulo, ou bat caverna e encontrar comigo mesma.
Me afasto, me silencio, e me ouço, me conheço, (ré)-conheço.
Percebi que preciso desse tempo entre os meus eu's , para
me resgatar, ir ao fundo do poço buscar os meus restos e voltar com o balde
cheio.
É que nesse meio tempo entre meus 23 anos, passaram tantas
pessoas, me doei tanto, que hoje me falto pedaços.
E para eu me ser novamente, é necessário me (ré)-construir,
me (ré)compor.
RÉ = Voltar atrás e juntar os destroços do meu coração, para
me conhecer novamente, me compor novamente, me construir novamente...
E é entre a desaprovação das pessoas, que cedo à minha
vontade. Não que eu esteja sendo egoísta ou desistindo da vida, ou de mim, ou
de qualquer coisa. É justamente para não desistir de tudo que escolho me “internar
para um tratamento intensivo.”
Como um acidentado que chega ao hospital e vai para o CTI, estou
no meu CTI, me tratando, me ouvindo, me silenciando.
Eles não entendem que hoje eu dependo do meu silêncio para voltar
inteira para eles.
É que eu não me contento com restos, ou pedaços, e não quero
ser metade pra ninguém.
Se não for pra ser inteira, não seja!
Hoje ninguém vai me tirar o direito de ficar na bat caverna
ouvindo o barulho da chuva lá fora, com minha xícara de café, na companhia dos
meus silêncios.
Sem clichês de que “é só uma fase”, “você vai sair dessa” ou
“ninguém merece seu sofrimento”, “você precisa reagir”.
Estou reagindo, e minha reação é esta, me trancar dentro de
mim mesma, e ficar de conchinha com meus pensamentos, dúvidas e conclusões.
Talvez dure sete dias, ou vinte e sete, quem sabe?!
Mas hoje descanso minhas cordas vocais e dou férias à
argumentação.
Por todos esses seiscentos e trinta e cinco dias eu me
silencio, e me ouço.
Shiiiu!!! Silêncio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Espaço para as insonias alheias