Feita de nó's, assim se encontra Elizabeth. Por mais que fale, e tenha falado ainda é só a ponta do iceberg, como dizem. Ou, melhor dizendo, é uma das pontas do emaranhado que ficou.
Metástase de nós.
Corpo dolorido, garganta fechada, musculatura rígida, como uma madeira maciça, não só seus músculos mas seus costumes. Talvez precise de uma massagem, sobretudo na alma.
Relaxar os sentidos em excesso.
Não tem chá calmante que dê jeito.
Por falar em nós, os pensamentos são um emaranhado só, desse "balaio de gato" que foram os últimos meses. Ou talvez os últimos trinta anos.
Haja disposição para colocar tudo no lugar. Desatar os nó(s), esticar o barbante até que arrebente e não reste mais nada, nem memória.
Há que se ter coragem em se permitir elos, laços e nós. Como sabiamente disse O Principizinho "a gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar".
Elizabeth chora, tal qual Alice perdida no País das Maravilhas - inunda de si e acredita que, este seja o primeiro passo a desatar os nós do corpo, e os que os sentidos em excesso criaram chamando -os de "cativar".
Porque essa capacidade, infinita, de se encantar com as belezas da vida, carece de um Canto específico.
domingo, 2 de agosto de 2020
quarta-feira, 15 de julho de 2020
Sem medo
Elizabeth, corajosa que só, sempre paga os preços da sua ausência de medo. Quando criança, subia em árvores, das mais altas, gostava de ver o mundo lá de cima. - visão panorâmica.
Da juventude para cá aprendeu a mergulhar, de cabeça como dizem. Às vezes é raso o rio, mas não tem problema, um arranhão ou outro faz parte.
Já aconteceu de se machucar muito, quebrar ossos, mas esse é o de menos ela pensa.
Não é fácil ser destemida. A coragem lhe custa caro.
É que os machucados causados, por mais que cicatrizados, trazem marcas profundas. Os mais recentes carecem de um enxerto, um preenchimento das faltas, das lesões.
Mas não é por isso que ela deixa de mergulhar. Hora ou outra lá vai Elizabeth com sua roupa de banho, sua toalha no pescoço, e pronto. Nem óculos de mergulho ela usa, que é para não embaçar a visão. Gosta de enxergar tudo com nitidez. Volta com uma ferida ou outra, algumas são refeitas pois não havia cicatrizado ainda, mas, ela é corajosa.
"A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar", ensinamento de sua leitura preferida. Por isso haja coragem de se machucar ao longo de tantos mergulhos.
Mas há que se permitir cativar, ser cativada, a coragem está em se mostrar vulnerável, humano, cativo.
Da juventude para cá aprendeu a mergulhar, de cabeça como dizem. Às vezes é raso o rio, mas não tem problema, um arranhão ou outro faz parte.
Já aconteceu de se machucar muito, quebrar ossos, mas esse é o de menos ela pensa.
Não é fácil ser destemida. A coragem lhe custa caro.
É que os machucados causados, por mais que cicatrizados, trazem marcas profundas. Os mais recentes carecem de um enxerto, um preenchimento das faltas, das lesões.
Mas não é por isso que ela deixa de mergulhar. Hora ou outra lá vai Elizabeth com sua roupa de banho, sua toalha no pescoço, e pronto. Nem óculos de mergulho ela usa, que é para não embaçar a visão. Gosta de enxergar tudo com nitidez. Volta com uma ferida ou outra, algumas são refeitas pois não havia cicatrizado ainda, mas, ela é corajosa.
"A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar", ensinamento de sua leitura preferida. Por isso haja coragem de se machucar ao longo de tantos mergulhos.
Mas há que se permitir cativar, ser cativada, a coragem está em se mostrar vulnerável, humano, cativo.
sexta-feira, 27 de março de 2020
Elizabeth aprendeu a voar e admirar voos outros, embora seu desejo fosse mesmo voar com.
Hora ou outra esbarra suas asas em pássaros selvagens, sem habitat natural, o céu não é limite.
Limites que ela mesma desconhece, já que por vezes voou tão alto que o ar lhe ficou rarefeito. Perdeu os sentidos, teto preto, despencou... asas quebradas, consertadas, coladas, marcadas.
Verborrágica. Prolixa.
Há que se deixar tudo claro, claro como água. cristalina.
Como águia, como fênix talvez - a metáfora lhe cai bem.
Fato é que entre voos, encontros e despedidas carece de ser casa, casa de barro. como é mesmo o nome do pássaro? João, João de Barro.
Carece de ser árvore, pés fincados ao chão. Constância.
Mas o ar em movimento é sedutor e lhe convida ao voo.
Se assim é, que assim seja.
Voemos!
terça-feira, 11 de fevereiro de 2020
Elizabeth aprendeu a gostar do que os poetas chamam de solitude, dizem que é o estar em paz com a solidão. Esta que antes lhe doía o peito e trazia desespero... medo do escuro, da rua, do eco da casa vazia.
Como disse sabiamente Caio Fernando, “a gente acostuma!”.
Aparelho de som, herança de sua tia avó, ligado. Vassoura e rodo em mãos, é hora da faxina.
Aproveita a chuva que cai lá fora pra levar a poeira embora.
Carece de ter as coisas em ordem pra trazer a sensação de controle de sua própria vida - características do Capricórnio no mapa astral. Controle traz estabilidade e chão firme, e ela precisa saber onde pisa (já se despedaçou muitas vezes por pisar falso em solo desconhecido).
Controles da tv empareados milimetricamente calculado, sobre a mesinha de centro.
Incenso queimando no parapeito da janela, as samambaias da decoração contrastando o verde forte com a madeira do chão de taco do apartamento.
Tudo está em calma ali dentro, embora o som esteja alto.
Casa em ordem, já pode receber visitas embora não tenha ninguém em mente pra convidar pra comer uma massa, tomar o vinho chileno que comprara com o último pagamento, e falar sobre astros, buraco negro do universo, ou o que passava na cabeça de Drummond quando escreveu “tinha uma pedra no meio do caminho”.
O que ninguém pode negar é que solitude combina com casa limpa e com a disposição de tudo dentro do apartamento.
Adaptar-se, tem sido confortável desde que fez as pazes com a solidão.
A gente acostuma.
A gente acostuma.
sábado, 1 de fevereiro de 2020
O tempo é agora
Elizabeth têm aprendido muito sobre tudo, deu-se um hiato para internalizar aprendizados e principalmente praticá-los.
O que ela não imaginava era que enquanto os dias passaram algumas de suas características permaneceram impressas. Somos um amontado de experiências e suas marcas e cicatrizes, essas permanecem ainda que as feridas se fecham.
O hiato passou e Elizabeth se percebe respirando, ufa! Foi só um susto! ou, mais um. E sabe também que muitos outros virão. Ela gosta dessas sacodidas da vida, ela precisa se sentir viva vez ou outra e não somente no automático acordando cedo, trabalhando, pagando contas, se alimentando bem... Bem isso tudo é importante, mas precisa de mais. Carece de uma aventura ou outra pra estimular a produção de adrenalina. Saltar de paraquedas talvez. Ser vulnerável é uma aventura e tanto, mas após tanto tempo, Elizabeth opta por fortalecer os músculos – todos, o coração principalmente.
A prática hoje é correr, não é correr contra o tempo, mas a favor dele, fazer as pazes com ele. Tentar alcança-lo já que ele é tão rápido. e passa. e voa, como dizem.
Percebe-se que fortalecer os músculos não tem sido suficiente, há que se parar e silenciar se ouvir se aprender e entender o que esse senhor lhe ensinou durante o hiato que já é pretérito, mais que perfeito.
hora,
dia,
mês, ano e Elizabeth é a mesma na sua profundidade. Anseia por encontrar quem se encante por sua vulnerabilidade e poesia, e aceite, assim, viver feliz para sempre.
O que ela não imaginava era que enquanto os dias passaram algumas de suas características permaneceram impressas. Somos um amontado de experiências e suas marcas e cicatrizes, essas permanecem ainda que as feridas se fecham.
O hiato passou e Elizabeth se percebe respirando, ufa! Foi só um susto! ou, mais um. E sabe também que muitos outros virão. Ela gosta dessas sacodidas da vida, ela precisa se sentir viva vez ou outra e não somente no automático acordando cedo, trabalhando, pagando contas, se alimentando bem... Bem isso tudo é importante, mas precisa de mais. Carece de uma aventura ou outra pra estimular a produção de adrenalina. Saltar de paraquedas talvez. Ser vulnerável é uma aventura e tanto, mas após tanto tempo, Elizabeth opta por fortalecer os músculos – todos, o coração principalmente.
A prática hoje é correr, não é correr contra o tempo, mas a favor dele, fazer as pazes com ele. Tentar alcança-lo já que ele é tão rápido. e passa. e voa, como dizem.
Percebe-se que fortalecer os músculos não tem sido suficiente, há que se parar e silenciar se ouvir se aprender e entender o que esse senhor lhe ensinou durante o hiato que já é pretérito, mais que perfeito.
hora,
dia,
mês, ano e Elizabeth é a mesma na sua profundidade. Anseia por encontrar quem se encante por sua vulnerabilidade e poesia, e aceite, assim, viver feliz para sempre.
terça-feira, 30 de outubro de 2018
Todas as cartas de amor são ridículas
Elizabeth, após meses trancada em seu apartamento escuro e por vezes bagunçado. Perdeu as contas de quantas garrafas de tinto cabernet souvignon tomou sozinha. A taças se espalharam pelo tapete da sala, em meio às bitucas de cigarros, porque também já cansara de limpar o cinzeiro.
Certo dia, resolveu abrir as curtinas, e pouco a pouco a luz do sol clareou a sala, cozinha, os quartos.
Retinas acostumadas com a claridade, decide limpar gavetas, chacoalhar tapetes, lavar as taças.
Daquelas faxinas que fazemos de calcinha e sutiã ouvindo músicas dos anos 70, dançando de vaçoura na mão.
Parece que além da luz do sol, entrou também, alí naquele lugar, motivos para levantar do sofá e sacodir a poeira.
Elizabeth parece respirar ares que já havia esquecido.
As manhãs são mais vivas, os pássaros passam a ser notados, e os "bom dia" dos vizinhos de certo modo trazia sorrisos praquele coração solitário.
Elizabeth, após se recompor dos machucados da vida, decide por finalmente viver.
A vida chegou numa tarde de sábado, de mochila nas costas, óculos escuros e sorriso tímido.
A vida, assim como Elizabeth, gosta de dengos, carinhos, cerveja e vinho seco.
A vida é passarinho solto que voa em busca de coisas que ela também estava procurando.
Elizabeth e vida se encontram.
Vida a liberta do apartamento apertado e lhe apresenta: vida, planos, risos, abraços, carinhos, e aqueles olhares que não dizem nada mas dizem tanto.
Elizabeth não gosta de falar de amor, mas é das que sente. Mergulha fundo, mesmo que o fundo seja raso e se assm for que seja.
Mas eis que O encontro a proporcionou companhia pra chamar de vida, pra dividir a vida, atenção, e aquele amor que ficou guardado pro momento certo. Mas a gente nunca sabe quando é momento certo.
Na dúvida, Elizabeth ama estar amando novamente.
Que seja leve! Doce! Que seja! Só seja! Enquanto tiver de ser.
quinta-feira, 9 de agosto de 2018
Quando passa o rio
A vida é um rio de águas torrentes e impetuosas, pedregoso, com grandes quedas d'água, cachoeiras altas e curvas. E ele segue seu curso mesmo com todos os atributos mencionados.
Assim como o tic tac do relógio, ele não para. Nem nas curvas, tampouco quando vê a altura da próxima queda... ele segue, continua, enquanto o tempo passa. E este é atroz.
Atropela as pontes impostas, destroi, carrega o que tiver pelo caminho.
Nove meses, tempo necessário pro rio conseguir destruir qualquer obstáculo que ousar atravessar seu curso.
Não cabe julgá-lo.
Elizabeth se lança no rio, como quem espera uma cama elástica macia ao fundo.
O que ela não sabe é que ele possui pedras, galhos. E nele ela segue... Se machucando com os encontros e trombadas em tudo que encontra pelo caminho. Até enfim encontrar a calmaria de uma lagoa em um canto onde ela não sabe bem explicar geograficamente onde fica.
Com alguns arranhões, machucados e sangramentos, o rio para, para que Elizabeth possa se recompor.
Não se sabe quanto tempo demora para este feito. Um mês, ou nove talvez.
Importa que seja calmaria e traga-lhe um pouco de paz. Sem pedras, galhos e tempestades.
Boia seu corpo sobre a lagoa enquanto tudo passa.
Porque se o rio passa, as horas passam, o tempo passa, isso também há de passar.
Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio...
pois na segunda vez o rio já não é o mesmo,
nem tão pouco o homem!
...
Heráclito de Éfeso
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